Judeus no mundo

CORFU


Não existe um relato histórico exato de quando os primeiros judeus se instalaram em Corfu, uma Ilha jônica grega, mas acredita-se que estejam lá desde a era romana.

Relatos mais específicos vieram quando o famoso Rabi Benjamin de Tudela, após visitar os vilarejos dos judeus das ilhas Jônicas – Arta, Patras, Corinthos, Thebes, Naupaktos e Corfu, contou que havia encontrado um número significativo de judeus por lá.

Nos séculos seguintes a comunidade cresceu significativamente com a vinda judeus do Império Bizantino e do sul da Itália.

Os judeus vindos do sul da Itália, ao se instalarem em Corfu, construíram uma sinagoga dentro de um velho forte. Tempos depois, em 1540, a expulsão dos judeus de Nápoles resultou numa massiva migração de judeus para Corfu. Estes judeus estabeleceram o dialeto de Apúlia (região no sul da Itália) como idioma comum a todos judeus na ilha.

Nesta época houve uma grande divisão entre os judeus na ilha. Os dois grupos principais eram: Os vindos do império bizantino e o outro dos vindos da Itália que, posteriormente, se integraram aos judeus vindos da Espanha e Portugal.

Há relatos de que em 1558 o número de judeus na ilha já chegavam a 400 e que triplicou até 1760.

Após tempos em que viveram espalhados pela ilha juntos com os cristãos, os judeus, devido à invasão de Veneza, foram forçados a se instalar em um local específico. Foi criado então, um bairro judaico em Corfu.

Por certo tempo os judeus de Corfu viveram uma próspera vida econômica devido aos privilégios que recebiam dos governantes locais. Um esquema não compreensível segundo os historiadores vigorava nessa época. As autoridades de Veneza perseguiam os judeus no estado de Veneza, mas em Corfu estas mesmas autoridades não os perseguiam. É possível que isso acontecesse devido à necessidade econômica dos altos impostos pagos pelos judeus, que possibilitavam financeiramente a ocupação veneziana de Corfu.

Após a vitória de Napoleão sobre a Áustria, em suas campanhas na Itália, foi assinado um tratado (Tratado de Campo Formio, em 1797), que, entre outras alterações geopolíticas, cedia Corfu à França.

Com o colapso da República de Veneza (dominada pela Áustria) e a vinda dos franceses, os judeus da ilha passaram a ter os mesmos direitos civis que os cristãos. Depois de ter sido ocupada pela Rússia e ter sido independente, Corfu passou, por fim para as mãos dos britânicos, que impuseram um controle rígido sobre a ilha.

Foi nesta época de estabilidade que a comunidade judaica em Corfu mais se desenvolveu. Muitos de seus membros se destacaram como médicos, advogados e educadores, entre os quais Lazaros di Mordos, médico, e Lazaros Velelis, educador, que realizou um estudo sobre educação pública na Grécia. Porém essa época de estabilidade foi interrompida devido ao pogrom contra a comunidade judaica ocorrido em 1891 na ilha.

Um escândalo ocorrido devido à morte de uma filha de um judeu da comunidade gerou um ódio contra a comunidade judaica. O bairro judeu era constantemente apedrejado por gregos e a guarda nacional não conseguia reprimir os revoltosos. O caso ganhou conhecimento internacional. Devido a este escândalo, diversos judeus de Corfu migraram para o norte da Itália e para o Egito, atraídos pela relativa prosperidade dessas regiões.

A comunidade que até pouco tempo chegava a 5000 integrantes após o escândalo passou para mais ou menos 2000. Novamente houve uma tranqüilidade relativa, mas que terminou com a deportação nazista para Auschwitz.

Corfu, por ser um ponto estratégico marítimo, recebeu ordens diretas de Himmler para evacuar os judeus, missão esta auxiliada pelas autoridades gregas locais (o prefeito era um reconhecido colaborador, ao contrário de muitos outros gregos). Às 6 horas da manhã do dia 9 de junho de 1944, todos os judeus de Corfu foram agrupados na Praça Central, registrados pela Polícia local e pela SS, e levados para o Forte Velho. Seus bens foram confiscados, suas casas e lojas trancadas. No dia 11 de junho os judeus partiram de trem para Auschwitz.

Hoje existem cerca de 70 judeus em Corfu. A título de curiosidade, muitos dos judeus que fugiram para o Egito após o pogrom provocado pelo escândalo de 1891 vieram para o Brasil, aonde fixaram raízes.